No mês de janeiro, a revista The Lancet Neurology (fator de impacto = 14,27) publicou um estudo impecável metodologicamente, que comparou diferentes estratégias de tratamento fisioterapêutico para indivíduos com Doença de Parkinson, objetivando avaliar os desfechos clínicos e os custos para implementação do que chamaram “ParkinsonNet”1.
Trata-se de um sistema implantado na Holanda, que se diferencia por compor uma rede comunitária regional, cada uma com um número pequeno de fisioterapeutas, treinados conforme recomendações baseadas em evidências. Neste sistema os clínicos da área são encorajados a encaminhar seus pacientes, há suporte para o transporte destes indivíduos e para a colaboração e comunicação entre os profissionais de saúde participantes da rede.
16 grupos de pacientes (699 indivíduos), em diferentes cidades na Holanda (vide mapa), foram randomizados para duas estratégias fisioterapêuticas diferentes. Oito grupos (341) realizaram “fisioterapia convencional” e outros 8 grupos (358) realizaram a estratégia ParkinsonNet. Participaram do estudo 194 fisioterapeutas.
A avaliação dos achados foi cega e a diferença entre os achados clínico-funcionais após 8, 16 e 24 semanas foi... nenhuma! A principal diferença foi no custo e pasmem... a rede organizada (chamada ParkinsonNet) custou menos! Para nossa prática privada, quase nenhum proveito. Mas para a organização de serviços em rede, algumas lições podem ser tiradas ao se tentar otimizar os recursos (técnicos, tecnológicos e financeiros) disponíveis em redes colaborativas, não apenas para o benefício dos pacientes (usuários), mas também para racionalizar recursos.
Referência:
1. Munneke M, Nijkrake MJ, Keus SHJ, Kwakkel G, Berendse HW, Roos RAC, et al. Efficacy of community-based physiotherapy networks for patients with Parkinson’s disease: a cluster-randomised trial. The Lancet Neurology 2010:9:46-54.
2 comentários:
Olá Lázaro, tenho que lhe parabenizar pela qualidade das postagens. Realmente esta atualização é interessante, e levanta um ponto extremamente relevante: a relação custo benefício das intervenções de fisioterapia.
Existe uma questão parecida que é muito discutida na fisioterpaia manipulativa: Diversos trabalhos demonstraram que o resultado final da fisioterapia com o conceito "X" é praticamente idêntico ao obtido ao utilizar o método "Y". Neste ponto, quando ambos os tratamentos são igualmente efetivos, a escolha da técnica é orientada para aquela a qual o terapeuta terá menor desgaste físico, assim como tempo de consulta menor.
Eu considero este tipo de trabalho um sinal de maturidade de nossa profissão (pelo menos no exterior). Estamos deixando de nos preocupar em provar que a fisioterapia funciona e agora começamos a nos preocupar em escolher técnica com melhor custo benefício.
Mais uma vez parabéns pela escolha do tema!
Atenciosaemnte
Humberto
Caro Humberto:
Obrigado pela visita e considerações sobre as postagens.
De fato, estudos que mensurem a segurança, eficácia, efetividade e eficiência dos recursos fiioterapeuticos são importante de forma equivalentemente.
Um abraço e, por favor, continue comentando.
Lázaro
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