segunda-feira, 15 de março de 2010

Doença de Parkinson 1 de 3 – Treinamento por estratégia

Parkinson desease 1 of 3 - Strategy Training

Complementando a postagem anterior, utilizarei um texto da Physical Therapy (Fator de Impacto = 2,190) de fevereiro de 20101 para apontar as principais evidências para o tratamento fisioterapêutico do indivíduo com Doença de Parkinson. Por ser uma postagem longa, optei por dividi-la em três partes conforme as evidências.
Instrumentos de avaliação da marcha: Os autores sugerem avaliar: 1. Cinemática da marcha - velocidade da marcha, largura do passo; 2. Fatores funcionais: distância percorrida em 2 ou 6 minutos; habilidade para subir degraus; e/ou 3. Fatores associados com o controle postural: incidência de quedas, avaliação do controle do equilíbrio (alcance funcional).
Morris apontou três elementos principais para o tratamento fisioterapêutico destes indivíduos: 1. Ensinar a pessoa como se movimentar mais facilmente mantendo a estabilidade postural através de “treinamento por estratégia” (strategy training); 2. Manejar seqüelas secundárias dos sistemas músculo-esquelético e cardio-respiratório; e 3. Promover atividades físicas ou práticas corporais.
Treinamento por estratégia:
Nos estágios iniciais da doença, há ainda capacidade remanescente de aprender novas habilidades motoras, inclusive treinar marcha com múltiplas tarefas. Pacientes sem comprometimento cognitivo e sem instabilidade postural podem caminhar longas distâncias ou dar passos mais longos e/ou rápidos apenas focando sua atenção na atividade motora alvo (caminhada, neste caso).
Atividades como visualização da atividade motora desejada (marcha com passos longos), ensaiar mentalmente o movimento desejado previamente a execução, segmentar longas ou complexas seqüências motoras, evitar tarefas duplas (caminhar e conversar ou se distrair), verbalizar ao longo da atividade como “passos grandes” são estratégias possíveis. Baseiam-se em contornar a via motora dos gânglios da base (“ dos movimentos automáticos”) utilizando o córtex frontal para montagem do engrama motor, através do pensamento consciente.
Para pacientes graves sugerem a utilização de pistas externas, como linhas no chão ou batidas rítmicas (música, p.e.) para dar compasso ou sinalizar os movimentos. Estas técnicas compensatórias, no entanto, segundo os autores, tendem a efeitos de curto prazo para alguns pacientes.

- Doença leve ou moderada: diariamente ou 3x/sem, por 6-8 sem (ou até que as habilidades sejam adquiridas). Retreinamento 2 ou 3 vezes por ano, para promover retenção.
- Doença grave, comprometimento cognitivo, idade avançada ou comorbidades que comprometam a aquisição de habilidades: atividade compensatórias (repetição e treinamento de dado movimento ou sequencia de ações, evitando múltiplas tarefas. Uso de pistas externas e reforço verbal/escrito dos movimentos.

Referência:
1. Morris ME, Martin CL, Schenkman ML. Striding out with Parkinson disease: evidence-based Physical Therapy for gait disorders.Physical Therapy 2010:90(2):280-8.
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