sexta-feira, 2 de abril de 2010

Labirintite tem cura? / Is there a cure for labyrinthitis?

Is there a cure for labyrinthitis?

Tomo liberdade de publicar algumas considerações baseadas não apenas em estudos de alto impacto, mas mesclar alguns dados com experiências pessoais, sobre um problema cuja solução é muitas vezes simples, rápida e com um ótimo custo-benefício.

A popularmente chamada “labirintite” afeta quase a metade da população americana após os 60 anos e mais de 80% após 80 anos 1 (gráfico). Sua prevalência varia de 10 a 30% na população geral 2. Devido esta alta prevalência, é um problema sério de saúde pública, tanto lá, quanto cá, no Brasil 3, principalmente pela sua relação direta com o risco de queda.

O popularmente chamado “problema no labirinto” pode se manifestar basicamente na forma de tontura, que é uma instabilidade para ficar em pé ou caminhar, ou na forma de vertigem, que é um tipo de tontura rotatória. A tontura e a vertigem são causadas por vários fatores, doenças ou condições de saúde. São sinais e sintomas causados por doenças bem definidas, e todas elas com modalidades terapêuticas próprias.

O tipo de vertigem mais comum é aquele que se sente subitamente, ao deitar, sentar, ou virar na cama, e dura poucos segundos se a pessoa ficar parada. É a chamada vertigem posicional, cujo tratamento não é medicamentoso e sim através de exercícios simples, realizados sob supervisão de um fisioterapeuta. Revisões sistemáticas demonstraram um percentual de melhora em torno de 90% após 3 ou 4 sessões de fisioterapia específica para a vertigem posicional 4.

Outros casos precisam um período maior de tratamento. O prognóstico dependerá de muitos fatores que devem ser levados em consideração ao ser avaliado o problema e planejado o tratamento, sempre em conjunto com o paciente.

Entre os outros transtornos do sistema vestibular que podem provocar sintomas indesejáveis está a cinetose. Este problema também é muito comum, e é percebido nas pessoas que ficam enjoadas, tontas e com mal estar durante viagens longas, ao ler em automóveis em movimento ou sentar ao contrário ao andar de ônibus. Há vários anos exercícios chamados de Reabilitação Vestibular servem para melhorar também estas queixas indesejáveis.

Através dos exercícios específicos, gradualmente o sistema vestibular é estimulado a se recuperar da descompensação que causou os sintomas de tonturas e reaprende um novo comportamento motor no qual o desequilíbrio não está mais presente. A melhora da qualidade de vida é o desfecho esperado e passível de ser alcançado, independente do grau de acometimento, recuperando atividades, rotinas e compromissos sociais abandonados desde o início do problema 5.

Quem sofre destes problemas não deve desistir ou se conformar em conviver com a tontura ou vertigens, mesmo que eventuais. O tratamento adequado é importante e altamente eficaz, desde que realizado por um profissional especializado. Aquela pergunta que se faz com freqüência já tem resposta: “Labirintite” tem cura? Claro que tem, e deve ser alcançada.

Referências:

1. Agrawal Y, Carey JP, Santina CCD. Disorders of balance and vestibular function in US Adults: data from the National Health and Nutrition Examination Survey, 2001-2004. Arch Intern Med. 2009 May;169(10):938-44.
2. Neuhauser HK. Epidemiology of vertigo. Curr Opin Neurol. 2007;20:40-6.
3. Teixeira LJ. Vertigem, reabilitação vestibular e demanda social. Rev Neurocienc. 2009;17(2):102.
4. Teixeira LJ, Machado JNP. Manobras para o tratamento da vertigem posicional paroxística benigna: revisão sistemática da literatura. Rev Bras Otorinolaringol. 2006 jan-fev;72(1):130-9.

5. Teixeira LJ, Prado GFd. Impacto da fisioterapia no tratamento da vertigem. Rev Neurocienc. 2009;17(2):112-8.

Nenhum comentário: