domingo, 3 de abril de 2011

Reabilitação vestibular melhora tontura, equilíbrio e mobilidade


Merece divulgação a atualização1 da revisão sistemática Cochrane publicada inicialmente no final de 20072, cujo objetivo foi avaliar a efetividade da reabilitação vestibular em adultos com disfunção vestibular periférica unilateral. Esta disfunção pode ocorrer como resultado de uma doença, trauma ou pós-operatório, e é caracterizada por queixas de vertigem, distúrbios visuais, da marcha e do equilíbrio. O tratamento atual consiste em medicação, manobras fisioterapêuticas e exercícios, conhecidos coletivamente como reabilitação vestibular.


Pessoas com problemas vestibulares freqüentemente têm tontura e problemas de visão, equilíbrio e mobilidade. As disfunções vestibulares periféricas e unilaterais afetam o sistema vestibular de um lado, em sua porção periférica (fora do sistema nervoso central, no ouvido interno). Esta disfunção pode ser causada por: Vertigem posicional paroxística benigna (VPPB), neurite vestibular, labirintite, Doença de Ménière unilateral, problemas vestibulares pós-procedimentos cirúrgicos como labirintectomia ou remoção de neuroma do acústico. A reabilitação vestibular está sendo cada vez mais utilizada para tratar estes problemas, através de várias estratégias fisioterapêuticas. Alguns componentes da reabilitação vestibular objetivam: aprender a estimular os sintomas até dessensibilizar o sistema vestibular, aprender a coordenar os movimentos dos olhos e da cabeça, melhorar o equilíbrio e caminhada, aprender sobre a doença e como superá-la, ou ainda tornar-se mais ativo.


Após a atualização da revisão sistemática acima, foram encontraram 27 estudos randomizados (com 1668 participants) que investigaram o efeito da reabilitação vestibular neste grupo de patologias. Os estudos compararam os resultados obtidos com a reabilitação vestibular com os obtidos com medicação, "cuidados usuais", manobras passivas, grupos controles ou placebos, ou diferentes formas de reabilitação vestibular entre si. Foi possível agrupar os resultados de 4 estudos, que demonstraram que a reabilitação vestibular foi mais efetiva que controles ou placebos na melhora dos sintomas e na melhora da participação social. Três estudos demonstraram resultados favoráveis na melhora da marcha e outros estudos provaram benefícios para o equilíbrio, visão e atividades de vida diária.


A exceção foi para pessoas com VPPB, para as quais as manobras de reposição foram mais eficazes que exercícios de reabilitação vestibular para redução dos sintomas, principalmente em curto prazo. No entanto, outros estudos demonstraram que a combinação das manobras com os exercícios terapêuticos foi mais efetivos na melhora funcional em longo prazo. Não houve relatos de eventos adversos após a reabilitação vestibular, e os benefícios foram mantidos em seguimentos de 3-12 meses.


Assim, concluem os autores, há um crescente e consistente corpo de evidência para suportar o uso da reabilitação vestibular para pessoas com vertigem e perda funcional. Os estudos foram geralmente de qualidade moderada e alta e comprovaram que a reabilitação vestibular é segura e efetiva para tratar disfunções vestibulares periféricas. Há provas moderadas de que ela pode resolver os sintomas e melhorar a função em médio prazo, que para indivíduos com VPPB as manobra de reposição são mais efetivas em curto prazo, e que a combinação das duas estratégias promovem uma melhora funcional mais duradoura.


Estes achados devem embasar muitas diretrizes e recomendações clínicas. Um exemplo prático é o Manual de Otoneurologia3(detalhes aqui), distribuído gratuitamente aos associados pela Sociedade Brasileira de Otorrinolaringologia, que recomenda a todos os otorrinolaringologistas do Brasil que Reabilitação Vestibular seja indicada para praticamente todas as disfunções vestibulares, centrais e periféricas, além do tratamento do risco de queda em idosos.

Referências:

1. Hillier SL, McDonnell M. Vestibular rehabilitation for unilateral peripheral vestibular dysfunction. Cochrane Database of Systematic Reviews. 2011; (Issue 2).

2. Hillier SL, Hollohan V. Vestibular rehabilitation for unilateral peripheral vestibular dysfunction. Cochrane Database of Systematic Reviews. 2007; (Issue 4).

3. Ganança FF, Bottino MA, Greters ME, Ganança MM, Bittar RSM, editors. Manual de Otoneurologia. 1 ed. São Paulo: ABORL-CCF; 2010.


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