quarta-feira, 27 de março de 2013

Prevenção de quedas em pessoas idosas: um tema recorrente


O estudo dos fatores relacionados à queda em idosos ganha crescente importância nos últimos anos com a recorrência de estudos acerca de sua epidemiologia, da prevenção, da avaliação e do tratamento, afetando diretamente nas políticas públicas que envolvem o tema e a fisioterapia, como área do conhecimento, tem dado uma enorme contribuição nesse sentido.

Neste endereço aqui, a Biblioteca Cochrane divulgou mais uma série de revisões sobre o tema, que poderão ser obtidas gratuitamente via Bireme, se você estiver na América Latina, por exemplo.

São quadro revisões: uma sobre intervenções para prevenir quedas em idosos que vivem na comunidade, outra para idosos que vivem em instituições ou hospitais, outra sobre intervenções de base populacional e a última sobre a efetividade de protetores de quadril para evitar fraturas de quadril.

Mas em suma, o que dizem elas?

Idosos na comunidade (revisão de 159 estudos, com 79.193 participantes:
  1. Exercícios em grupo ou feitos em casa, com enfoque no equilíbrio e no fortalecimento, assim como o Tai Chi, efetivamente reduzem quedas e consequentemente fraturas.
  2. Intervenção para um ambiente domiciliar seguro, feitas por terapeuta ocupacional, parece ser efetivo, especialmente para pessoas com alto risco de queda.
  3. Intervenções multifatoriais que avaliam o risco de queda individual e orientam tratamentos focados nos riscos identificados reduzem o número de quedas no idoso, mas não o número de pessoas que caem. Há fatores a serem determinados sobre sua efetividade.
  4. Tomar Vitamina D não reduz queda na maioria das pessoas, mas pode ajudar indivíduos com baixos níveis séricos antes do tratamento.
  5. Diminuir gradativamente a medicação com acompanhamento médico, em particular de medicamentos psicotrópicos (que servem para induzir o sono, a ansiedade e a depressão), tem sido útil para reduzir quedas. Alguns remédios aumentam o risco de cair.
  6. Procedimentos cirúrgicos como: cirurgia para catarata ou marcapasso reduzem quedas em indivíduos com necessidades específicas.
  7. Para indivíduos com problemas nos pés (dor), uma boa avaliação do calçado, palmilhas personalizadas e exercícios para os pés e tornozelos reduzem o número de quedas.
  8. A evidência sobre fornecer instruções isoladas para se prevenir quedas através de material educativo é inconclusiva.

Idosos em hospitais e instituições (revisão de 60 estudos, com 60.345 participantes):
  1. Em instituições, a prescrição de vitamina D reduz o número de quedas, provavelmente pelos residentes terem baixos níveis séricos no sangue.
  2. Estudos que testaram a utilização de exercícios nestes ambientes foram inconsistentes e ainda não demonstraram benefícios. É provável que programas de exercícios tenham aumentado as quedas em idosos mais frágeis e reduzido em idosos menos frágeis em instituições.
  3. Intervenções direcionadas a múltiplos fatores de risco podem ser efetivas em reduzir o número de quedas.
  4. Fisioterapia reduz o número de pessoas que caem em hospitais de reabilitação e intervenções que reduzem os fatores de risco foram efetivas para reduzir quedas em hospitais.

Intervenções baseadas na população (revisão de seis estudos prospectivos controlados populacionais, nenhum randomizado):
  1. Todos os estudos relataram redução de 6-75% em lesões relacionadas a quedas entre os diferentes programas utilizados na Austrália, Dinamarca, Noruega, Taiwan e Suécia, durante oito anos.
  2. Os estudos utilizaram diferentes combinações de estratégias e intervenções multifatoriais na comunidade, entre elas: recursos educativos, visitas domiciliares aos indivíduos com maiores riscos, redução de risco doméstico, engajamento da mídia local, agências e serviços, controle de medicação inapropriada, tratamento de doenças somáticas e psiquiátricas, promoção de atividade física e mental, utilização da estrutura e recursos humanos treinado, melhora da iluminação pública e das condições das estradas e calçadas, exercícios de Tai Chi. Todos os recursos foram utilizados de diferentes formas e proporções nos diferentes estudos.
  3. O estudo Australiano atingiu um significante decréscimo de 20% na hospitalização por queda. Na Dinamarca observou-se uma diminuição significativa de 33% nas fraturas de membro inferior. Na Noruega não houve diferenças não tão significativas na redução de fraturas. Na Suécia houve redução significativa nas lesões relacionadas a quedas apenas na faixa etária entre 75-79 anos em um estudo, e em mulheres em outro estudo.

Protetores de quadril para prevenção de fraturas (revisão de 13 estudos, 11.573 participantes):
  1. A eficácia do uso de protetores de quadril na redução da incidência de fratura de quadril em idosos ainda não está claramente estabelecido. Parece que podem ajudar se disponíveis para idosos frágeis em cuidados de enfermagem.
  2. Ainda não se sabe se estes resultados se aplicam a todos os tipos de protetores de quadril. Pouca aceitação e adesão, é um fator a considerar na tomada de decisão, particularmente a utilização em longo prazo.

Verifique aqui que muito do que foi exposto nas atualizações das revisões acima reforça as recomendações de estudo anteriores já comentados neste site.

O que nos chama a atenção agora é o número de participantes agrupados nas análises dos resultados. São estudos que realmente temos que considerar!!

OBS.: Respeite o trabalho alheio! Copiar esta postagem é permitido, desde que citada devidamente a fonte.

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