terça-feira, 1 de junho de 2010

Utilidade do TENS nas desordens neurológicas


Utility of TENS in neurologic pain disorders
Na última semana (dia 25), o artigo que previmos que iria render debate na comunidade científica (veja aqui), sobre a efetividade da estimulação elétrica transcutânea [TENS] para dores de origem neurológica, teve seu primeiro embate na sessão de cartas ao editor da mesma revista que publicou o original, a Neurology (FI = 7,043).
O Dr. Donald K. Riker criticou a conclusão dos Drs. Dubinsky e Miyasaki de que “a TENS não é recomendada para o tratamento da dor lombar crônica”1 e destacou que aquela conclusão, agora disseminada na mídia, prestou um desserviço para as pessoas que se beneficiam da TENS. Destacou que, no editorial sobre o artigo, foi corretamente exposto que o estado da arte atual da eficácia do TENS permanece não claro, até que o provem 2, e reescreveu que “Ausência de provas (de efeito) não é prova de ausência (de efeito)”. Complementou que, na falta de ensaios clínicos bem conduzidos, a conclusão apropriada seria que a eficácia da TENS é indeterminada, e não negativa.
O crítico enfatizou seu desapontamento pelo fato do uso de comunicados a imprensa (“press release”) para dar maior audiência aos resultados negativos, chamando esta atitude de, no mínimo, equivocada. Concluiu considerando que a prática dos profissionais de saúde é mais arte do que ciência, focada no bem estar do indivíduo, freqüentemente alcançada por tentativa e erro.
Em resposta3, os autores do artigo original acusaram os autores da carta e do editorial de equívoco ao usar a frase sobre ausência de provas, uma vez que há evidência da falta de efeito, através de dois estudos clínicos de classe I. Além disso, discordaram sobre se utilizar a TENS por ser um recurso seguro (com favorável risco-benefício), e ponderaram que, se considerarmos apenas o quesito segurança, a TENS placebo também deveria ser recomendada, pois tanto os riscos quanto os benefícios são os mesmos.
Complementou que a utilização de recursos aparentemente sem benefício, significa que recursos (financeiros, técnicos, e de acesso aos cuidados de saúde) serão gastos com grupos de pacientes em detrimento de outros (eficiência do recurso) e defendeu que as prescrições devem levar em consideração o benefício (eficácia e eficiência), e não apenas o baixo risco (segurança).
Finalmente, considerou que as práticas de saúde combinam ciência e arte, e reafirmou que no caso da TENS, a ciência é clara e que as decisões devem ser tomadas em parceria com o paciente, que direciona a terapia!
Aos colegas que utilizam este recurso na prática diária, é importante permanecer preparado para possíveis debates! Eu continuarei vigilante, e na torcida por mais evidências. Pretendo buscar alguns resultados das revisão Cochrane sobre o assunto e trazê-los numa próxima postagem.
Referências:
1. Dubinsky RM, Miyasaki J. Assessment: Efficacy of transcutaneous electric nerve stimulation in the treatment of pain in neurologic disorders (an evidence-based review). Report of the Therapeutics and Technology Assessment Subcommittee of the American Academy of Neurology. Neurology. 2010 12 Jan;74(2):104-5.
2. Binder A, Baron R. Utility of transcutaneous electrical nerve stimulation in neurologic pain disorders. Neurology. 2010 12 jan;74:104-5.
3. Dubinsky RM, Miyasaki J. Utility of transcutaneous electrical nerve stimulation in neurologic pain disorders: reply from the authors. Neurology. 2010 25 maio;74(105).
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